Se resolver usar meus textos para finalidades pessoais, por favor, tenha a delicadeza de citar a fonte.
Uma tarde à parte das outras

Deixei o pratinho da sobremesa sobre a pia já sentindo a letargia pós almoço se aproximar sedutora como uma viajante.

Passei diante meu quarto de persianas semi cerradas por onde adentravam uns fiapos de sol, a paz da rua quieta e um canto algo quimérico de sabiá.


A cama mesclada de pontos de luz mal definidos me chamou e incontáveis sonhos se apossaram de mim.

Uma tarde perfeita para me entregar àquele pedaço de vida apartado do tempo e esquecer todo o jacente fora daquele mundo insólito formado de sombra e luz, silencio e música, recolhimento e sonhos.

Me recostei no batente da porta e ali fiquei, me imaginando abraçado por aquele instante sem pressa.

Só; deitado em minha cama, embalado pelos acordes da sabiá, acolhido pela mornidão de um sol lânguido frouxo como a própria vida que ali se mostrava serena como um ribeirão preguiçoso.

O que mais poderia desejar? Que direito teria de esperar por algo mais sentindo meus pensamentos aquietados, meus instintos adormecidos, meus sonhos devidamente amparados?

Porém, lá do cantinho mais secreto do meu coração, saltada de um relicário perfumado, uma lembrança sublime há tanto tempo guardada se traduziu nesse algo mais ainda desejável; e esse lugar atemporal formado na penumbra vespertina em meu quarto, ganhou, naquele momento, mais uma estrela intangível. Um sorriso branco emoldurado de vermelho.

A. Masini

Saudade aos olhos de um menino

Desde muito menino aprendi o significado de saudade.
Naquela época as escolas eram menos providas de coisas, mas contavam com professores repletos de conteúdos. Dentre os meus estava a Dona Elenira.
Ela era jovem ainda, uns trinta anos no máximo, mas me ofereceu uma lição das mais significativas. Aliás, ao longo da minha vida, tive muita sorte com professores e professoras; sempre aprendi muito com os que encontrei, desde as lições acadêmicas àquelas que nos transformam em seres humanos melhorados.
Era uma tarde de verão ainda no começo do ano letivo. Nossa sala de aulas tinha o pé direito muito alto e a luz de fora era como fiapos por entre as frestas da cortina cor de areia que recobria as janelas. Fazíamos a leitura de um texto sobre borboletas quando uma menina de quem não lembro o nome, rompendo a quietude que nos envolvia, perguntou à professora alguma coisa sobre saudade.
Aquilo me trouxe de volta à sala de aulas. Me lembro de ter ficado alguma coisa irritado, primeiro porque sempre gostei do silêncio e depois, a aula era de ciências, o que tinha a ver fazer tal pergunta justo àquela hora? Melhor seria, talvez, que a chata da menina esperasse pela aula de português.
Dona Elenira, com aquele jeito carinhoso de boa professora que lhe era peculiar, ponderou por um instante e respondeu:
- Saudade é quando em pensamento ainda vemos claramente uma pessoa, conseguimos sentir o cheiro dos seus cabelos, ouvimos suas palavras e sorriso, mas já não podemos mais abraça-la.
Enquanto a menina da pergunta, com cara de quem não havia entendido a resposta sorria amarelo e voltava à leitura, permaneci observando Dona Elenira cuja lição não estava ainda concluída.
Ela suspirou, desviou o olhar para algum ponto em direção ao fundo da sala e como quem já tivesse partido de lá, vi a expressão de seu rosto ganhar ares de ausência.
Naqueles tempos em que ainda trazia coração e pensamentos de menino, não consegui entender o que os olhos da Dona Elenira procuravam enxergavar, mas por um bom tempo passei a conjecturar se a saudade não seria uma coisa etérea escondida n’algum lugar secreto entre os fiapos de luz da sala de aulas.

A. Masini

Bicicletas e milk shake

De repente, vendo fotografias que de desbotadas ocultam as formas dos rostos registrados, me peguei pensando no quanto aqueles momentos retratados iam distantes no tempo.
Me dei conta de que aquela meninice despreocupada, jacente congelada 
naqueles diapositivos amarelecidos, esquecidos em caixas empoeiradas, já quase escapava à minha memória opaca.
Aqueles dias de correr descalço na chuva, shortinho de malha e camiseta puída ficaram, como palavras já em desuso registradas em livros que ninguém mais lê, ocultos num tempo de que ninguém mais se lembra com clareza.
Aquelas noites vagarosas que viravam madrugadas em cujo silêncio minha mãe ouvia músicas baixinho para embalar seu sono naquela casa que não mais existe; naquela rua que deu lugar à avenida onde carros passam tão rápidos que as pessoas nem mais a pisam.
Naquelas fotos, precariamente seguras por minhas mãos enrugadas, trêmulas, estão sorrisos de que há muito não tenho sequer notícias, amigos que rumaram para lugares cujas distâncias nunca nos ocupamos de transpor, e de tanto tempo que se foram, me esqueci até de sentir saudades.
Me dei conta do quanto a vida me havia afastado dos sonhos que naquela época me faziam os olhos brilhar; uma bicicleta de rodas grandes, uma viajem à praia, um beijo da menina mais bonita da rua, o tal milk shake de quem eu só conhecia o nome, um nove em ciências para fazer meu pai sorrir.
Então de repente, olhando para aquele menininho que fui, uma lembrança triste aos olhos do homem que me tornei fez apiedar-me do garoto daqueles tempos e, sabendo que ele ainda passaria por aquele infortúnio, como que se de alguma forma ele pudesse, daqueles dias há tanto idos me ouvir, murmurei, “quando o medo chegar, tenha paciência menino, tudo vai se arranjar”.
Com um grito estridente de quem conserva pulmões imaculados, o menino respondeu de algum lugar da minha estória, “eu sei moço”.
Feliz por ouvi-lo novamente retruquei, “como pode saber se é ainda um menininho?”
E com um riso que encheu o quarto ele novamente gritou eufórico, “fui eu quem te trouxe até aqui moço”.
Sorri satisfeito, guardei as fotografias, peguei meu capacete e saí por aí a procura de um lugar para tomar um milk shake. 

A. Masini

Cada um é o quê é. É?

- Alô. Alice?
- Sou eu querido. Diz.
- Tem como a gente tomar um café hoje?
- Café? Xiii... coisa boa não pode ser.
- Pois é.
- Que houve querido.
- Estou triste.
- Acabou o Jack Daniels?
- Não.
- Como assim, “não”?
- Não. Não acabou.
- Não vai dizer nada além do “não”? Algo como “não, sua ridícula”.
- Estou cansado Alice.
- Cansado para me chamar de ridícula?
- Estou falando sério lindona.
- Cansado e sério. Isso tá com cara de papo cabeça com o Gabriel.
- Ridícula.
- Querido, diz pra mim que você não tomou porre com ele de novo.
- Estivemos juntos sim.
- Sabia. Você foi naquela viagem besta com ele né?
- É.
- Porra querido, você sabe que isso não dá certo.
- Alice, ele é como você pra mim. As duas melhores pessoas que conheço.
- Como eu coisa nenhuma. A menos que tenha passado a transar com ele também.
- Dá pra gente falar sério?
- Deve ser grave mesmo, te dou uma brecha dessas e você nem faz graça... Querido, eu adoro o Anjo também, você sabe. Mas você e ele são o que são.
- E o que somos Alice?
- Dois caras incríveis totalmente diferentes.
- Eu estava achando tudo tão sem sal, sem açúcar. Achei que ouvi-lo poderia me ajudar a entender.
- Seu negócio não é com o doce ou salgado querido, seu negócio é com o apimentado.
- Não fala assim Alice. Às vezes eu realmente penso que poderia ser legal ser diferente.
- Ouvir o Gabriel é uma delícia. Ele é paciente, usa bem as palavras, tem profundidade e acredita no que diz. Mas não dá para um cara como você tentar ser como ele.
- Como não Alice?
- A pergunta a ser feita não é essa.
- Qual seria então?
- Por que? Por que ser como ele?
- Não quero ser como ele, só mais parecido com ele.
- Mas você sempre se aceitou tão bem como é. Mais que isso, você se gosta; é dos caras mais narcisistas que conheço
- Eu me gosto sim lindona, mas acho que posso ser melhor. Mais consciente, menos egoísta.
- Mas por que isso agora? Por que mudar?
- Não quero mudar, quero apenas explorar novas possibilidades.
- Tipo... ampliar os horizontes?
Gargalharam
- Não sua louca, apenas tentar novas abordagens.
- Ah Johnnie, Johnnie... já entendi, algumazinha por ai te fez acreditar que prefere os bons moços né?
- Caralho Alice, você tem sempre de achar que meu mundo gira em torno da mulherada?
- E não é? Você só pensa nisso.
- Mentira sua.
- Ah é?
- É mentira sim, penso em macarronada também.
- Que bom, já melhorou.

A. Masini

Oito de Março (2014)

Hoje a minha rua está silenciosa além do costumeiro. Sim, há ainda alguma chuva e isso contribui para que a quietude se imponha, mas não é exatamente desse tipo de silêncio, advindo da ausência de gentes a que me refiro, é antes um silêncio recluso, de comoção assustada e contida, de estupefação interrogativa. Como pode uma jovem senhora cometer tal desatino?

Tal pergunta também me venho fazendo desde ontem, e hoje, no Dia Internacional da Mulher, me ocorre que é preciso muito desespero, muita dor, muita certeza de que não há mais para onde caminhar.

Relembrando de outras tragédias semelhantes recentes, penso que a sociedade tem sido dura demais com nossas mulheres. A mulher moderna é pressionada muitas vezes além do suportável quando lhes é imposto que sejam as melhores mães, as profissionais mais competentes, as esposas mais atenciosas. 

Não bastassem as obrigações decorrentes da vida em família, para atender a uma exigência criada pela sociedade de consumo, muitas mulheres, mais seduzíveis, susceptíveis ao covarde bombardeio midiático, têm de manter seus corpos torneados, o guarda-roupa de acordo com a moda, os cabelos a pele e as unhas devidamente cuidados a cada semana. Happy houres a que não podem deixar de comparecer, livros de leitura “obrigatória” (maioria das vezes desperdícios de papel como o tal que falava dos tons de cinza), aquele sapato novo, aquela viagem que a melhor amiga recomendou, aquele cliente que a trata como se fosse funcionária dele e não da empresa. Não deve ser fácil, mesmo que seus dias fossem de trinta horas.

Refletindo sobre tudo isso me ocorreu também, nesse oito de março, que em lugar de desejar felicidade, alegria, flores etc. às mulheres que fazem parte dos meus dias, reconhecido do valor pessoal, que advindo da alma feminina, cada mulher traz em si, desejar-lhes que cuidem antes de si mesmas, cuidem de sua paz interior, cuidem de se harmonizar com suas forças e fragilidades, que cuidem de seu bem estar; que observem seus mundos e se observem neles para que não sucumbam a eles, não se submetam a eles e, sobre tudo, não morram por eles.

Um Dia Internacional da Mulher em que cada mulher opte por ser a mulher que é e não a que o mundo imponha que seja.


A. Masini

A mulher interior

Despertou naquele quarto de hotel com o dia ainda por amanhecer, olhou para o homem ao seu lado e, aflita, tentou não pensar a respeito. Era a primeira vez que o via nu.
Observou as taças sob os aparadores ao lado da cama, a garrafa de vinho caída no chão manchando a tapeçaria, seu material de trabalho atirado ao lado da escrivaninha sobre a qual o havia posto antes de sair para o jantar, seu notebook ainda ligado jogado na poltrona. Quis a principio atribuir à sua falta de costume com a bebida o resultado da noite, mas sabia que não fora esse o motivo.
Entregou-se àquele homem que por tanto tempo havia evitado; nunca efetivamente, pois que sempre o deixava com alguma esperança, gostava dos jogos de sedução porque sabia seduzir, conhecia a psique dos homens e manipulá-los a fazia sentir-se senhora da situação, senhora de um poder ao qual noutros tempos fora submissa, como se submete todo aquele que ama e acredita ser correspondido.
Sabia assim de sua responsabilidade por estarem os dois ali e sentiu-se envergonhada das lembranças do quê disse e das coisas que fez. Não por tê-las dito e feito, vez que aquela era a forma com que se entregava, a maneira que lhe agradava amar. O mal estar advinha, antes, por não ser aquele o seu homem, o homem com quem havia sonhado viver o restante de sua vida, o seu amor, o seu prometido. Aquele com quem havia aprendido a se soltar, a ser o que desejasse ser sem qualquer pudor, sem qualquer constrangimento. Aquele com quem jamais precisou calçar máscaras pois se fez merecedor de sua integral confiança. Seu confidente e confessor, o depositário dos seus desejos mais íntimos, desejos esses agora divididos com outro.
Sentiu uma ponta de arrependimento, mas à medida que se apercebia dos detalhes ao redor, as roupas atiradas ao chão, o cheiro do sexo, as sensações ainda presentes em seu corpo, excitou-se e desejou aquele quase estranho novamente mesmo sabendo que aquilo era errado, contrario a tudo que enfatizava em seus discursos sobre honestidade. Refreou seu desejo e foi para o banho em conflito.
Enquanto lavava o corpo chorou. Como pode chegar àquele ponto? Se entregar por carência, trair o amor sincero que sentia, trocar seus valores por momentos efêmeros de prazer? Desejou não ter realizado aquela viagem. Ah se pudesse voltar no tempo, apagar aquela noite de sua vida, voltar intocada aos braços do seu amado.
Demorava-se mais do que de costume no chuveiro, escovou tanto os dentes que machucou a gengiva. Pensava no que faria ao sair daquele banheiro quando seu amigo adentrou ao box e a abraçou sob a água quente. Estavam enroscados novamente e, embora ainda chorosa, cedeu a todos os caprichos do amigo, amou-o novamente e repetiu com ferocidade à exaustão tudo o que já havia feito com ele durante a madrugada.
Aquela era ela, uma mulher que havia descoberto seus instintos e que naquele momento, entre gemidos e xingamentos, mudou o seu destino. Não viveria mais de expectativas e promessas, simplesmente, viveria.


A. Masini

O Herói de cada um

- Quando ela olhou nos meus olhos, pude ver que seus olhos estavam molhados. Então, com um movimento suave que pareceu durar por muitos minutos, ela foi soltando minha mão como se estivesse ela mesma se esvaindo. Nada nos dissemos. Eu, porque trazia o choro preso à garganta, ela, porque faltou-lhe voz e apenas um murmúrio denunciou seu adeus. “Caminhou” na direção de seu próximo passo com o rosto voltado para mim, os lábios levemente entreabertos emudecidos calando um pedido para que eu evitasse de alguma forma sua  partida. A desapontei. Não sabia o que fazer e apenas assisti, estático, ela saindo de minha vida. Desde a sua partida, há um tempo que jamais consegui marcar em anos, só com saudades, não se passou um só dia que seus olhos não me viessem visitar, seus sorrisos me alegrar, seus ensinamentos me socorrer. Suas tantas e belas lembranças evitar que eu enlouquecesse.

- Porra Johnnie, que triste. Há quanto tempo foi isso?

- Faz tempo já Gabriel, mas jamais será tempo bastante.

- Cara, não imaginava que a ausência dela ainda te doesse tanto.

- Só dói quando penso nas coisas que sonhamos juntos durante o curto tempo que durou. A merda é que penso nisso todo santo dia.

- Eu achava que ela tinha ido embora sem se despedir.

- E foi.

- Mas a forma como você descreveu....

- Foi a despedida que inventei para suportar.

- Porra Johnnie, acho que ninguém imagina.

- Ah maninho, dá trabalho esconder, mas escondo.

- Por que?

- Por muito tempo acreditei que o melhor seria esquecê-la. E tentei, tentei muito fazê-lo. Pensava que não falar a respeito, sufocar essa solidão sob camadas de sorrisos fáceis ajudaria.

- Pelo visto não ajudou né?

- Ajudou a fazer de mim o que me tornei. Um eu diferente do que teria sido com ela. Aprendi a me articular, me mover, seguir. Conheci e conheço muita gente, mas deixei ninguém me conhecer.

- Por que resolveu se abrir comigo agora?

- Para me sentir mais honesto, mais parecido com você.

- Comigo? Porra Johnnie, tudo que eu sempre quis foi ser como você.

- Besteira Gabriel, você é muito melhor do que eu. Você enfrenta suas dores.

- Você não tem dores. Pelo menos achei que não as tivesse.

- Não as tenho. Aprendi como evita-las. E essa que carrego, aprendia esconder por trás de um sorriso, uma piada sem graça ou um porre de Jack Daniels.

- Nunca te vi chorar. Eu já choro pra cacete e me sinto um fraco por isso.

- Isso não faz de você um fraco, ao contrário, demonstra sua força. Não ter vergonha da nossa condição humana requer muita coragem. Coragem que eu não tenho.

- Por que então me sinto um covarde?

- Porque você é um babaca. Covarde onde Gabriel? Você é meu herói.

- Porra Johnnie, não sei o que te dizer.

- Não precisa dizer nada, só seca seus olhos e toma uma comigo.

- Sempre irmão. Outro Jack?

- Você não prefere uma caipirinha de saque com frutas vermelhas?

- Vai se foder Johnnie. Hoje eu quero um Jack. Cowboy.

- Passarinho, um Jack Daniels cowboy para o “Anjo” aqui e pra mim, um mojito com adoçante.

- Palhaço.

A. Masini

Às vezes

Às Vezes


Às vezes,
minhas palavras não são capazes de traduzir com clareza tudo em que penso,
aquilo que sinto
e menos ainda o quê me vai na alma...
Às vezes,
meus pensamentos correm rápidos demais e não consigo acompanhá-los,
meu coração bate rápido demais,
como se desejasse fugir de dentro de mim,
ganhar independência, vida própria.
Às vezes, é minha alma que deseja correr,
partir para longe,
longe desse coração que sente e se ressente,
longe desse corpo que envelhece e se condói,
longe desses tantos pensamentos conflitantes,
longe dessas palavras que se perdem em enganos grosseiros
longe de tudo que macule o amor puro e branco
que minha alma tem pela vida.

A. Masini


Um mundo novo por detrás das palpebras

Um mundo novo por detrás das palpebras


Te enxergo tão bem quando de olhos fechados
que quando os abro,
nos efemeros instantes que ainda dura o lume do seu sorriso,
um mundo novo se descortina diante minha retina.
Nele, tudo é mais vivo
tudo é mais iluminado
tudo é mais colorido.
E minha vida,
a que ainda restou dentro de mim
me diz que esse bocado de existência,
sensivel apenas por suspiros
ou lágrimas fugidias desses mesmos olhos quando ha mais tempo abertos,
pode valer a pena
se o piscar dos meus olhos for mais lento, mais freguente
porque só quando os fecho
consigo observar o que há dentro de mim,
no centro do que sou.
Lá, você ainda permanece a mesma,
que um dia por mim também se apaixonou.

A. Masini


Apartados (antes mesmo de unidos)

Aparados



De onde vem esse seu poder de transformar meus dias? De reunir cada uma das nuvens escuras de chuva e fazê-las dissipar, para em seguida, surgir o sol, iluminando cada canto escuro de minha alma atormentada?

De onde vem esse encanto, que me faz depositar cada uma das minhas esperanças nos sonhos que seus sorrisos me promovem?

De onde vem esse sentimento que me invade os olhos, corre por minhas veias, toma meu corpo e se instala em festa em meu coração a cada oportunidade que tenho de te ver?

Que coro angelical é esse que canta pra mim sempre que te ouço?

Que mulher é você, que parece ter sido feita sob medida para meus abraços, beijos e carinhos?

Que vida afinal é essa, que apesar dessas tantas coisas que me põem na sua direção, ainda assim nos manteve apartados de tudo isso?



A. Masini